Como se Morre de Velhice
“Como se morre de velhice
Ou de acidente ou de doença,
Morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
Onde o que se sente e se pensa
Não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
Onde se escreve igual sentença
Para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
Sem estímulo ou recompensa
Onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
Sinto a minha própria presença
Num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
Nem de acidente nem de doença,
Mas, Senhor, só de indiferença.) “
Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)
‘-Citador
Beijinho doce
6 comentários:
Simplesmente belo e de uma profundidade fantástica este poema. Li e reli pois é digno disso. Grande escolha minha prima, como só tu sabes.
Bjgrande do Lago repleto de saudades
Cecília, sempre fantástica: e a imagem casou-se perfeitamente ao texto; belo post, Doce Amor; boa semana!
Olá, querida amiga!
Uma escolha mto acertada.
De facto, a indiferença, dói e pode trazer a morte física e mental.
Que falem mal ou bem de nós, mas indiferença, NUJNCA!
Beijinhos e boa semana.
Como esta tao atual este poema
beijinhos
O mundo fala em PAZ mas o que se vê por aí
ainda é muita indiferenças mil.
Boa continuação de semana.
Abraços.
A indiferença é o pior que se pode infligir a uma pessoa.
Beijinhos, linda, boa SEmana Santa
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