abril 20, 2013

ETERNO JOGO



Na cálida noite em tenebroso nevoeiro, jogo xadrez aventureiro, sem rima e sem talento. Jogo por jogar, num emaranhado tabuleiro, sem regras e sem cor. Aqui da Ilha pouco se vê e sente...passa a noite em quadrados brancos, um ou outro peão faminto e que se apressa em busca de uma côdea de pão bolorento, que lhe dará energia para transportar as armas do seu senhor. Passa, mais lá em baixo, junto à margem, o bispo fiel aos seus compromissos, em apressados passos, rezando a ladainha dos infiéis! Ao longe a torre ilumina-se com archotes, cuja sombra se inclina sobre o rio, amedrontando as águas gélidas e profundas de pedras soltas que, em tempos, caíram da torre durante a batalha dos ímpios! Ao pé da cerca do jardim, a rainha sentada de lenço na mão, mirando-o e embelezando-se com o que resta da exploração dos pobretanas, que exploravam as terras a troco de meio alqueire de trigo carunchoso e meia sardinha! O rei, esse glorioso e de coroa eterna enfaixada nos cabelos, de cálice ensanguentado do mais puro vinho na mão, faz planos sobre as táticas das próximas batalhas e qual a cor do inimigo a abater...mas é louco...alucinado... e amigo de um conselheiro de baixa nobreza, que lhe agrada com sorrisos falsos em gestos de peralta ,em troca de uma cadeira cravejada de inveja, em sumptuosos banquetes, onde impera a carne abatida no reguengo que tanto estima. Vitorioso do seu passado, que entre lágrimas, vai recordando...apercebe-se que os moinhos do Dão não se movem...Restam os cavalos, robustos e fartos da crueldade de quem os educou! Saltaram as cercas e fazem o verdadeiro jogo, na grande planície verdejante, que suspira pela primavera...
Fico no penedo, pensando e observando este bando imaturo e insano e lembrando-me que, um dia ... (texto do Anjo da Ilha do Dão)
Beijinho doce:) e bom 25 de Abril