"Chamava-se Tatantin-Rua Retée e foi uma das mais importantes mulheres indígenas do século passado. Mas não figurou em nenhuma lista de celebridades, principalmente nessas que foram organizadas, de última hora, por entidades e meios de comunicação. Sua passagem pela terra foi inteiramente ignorada pela civilização, que na linguagem indígena é pejorativamente tratada de civilização dos brancos.Tatantin era uma xamã guarani, descendente de uma linhagem real, com poderes divinos suficientes para encontrar a Terra Sem Males. Mas não a encontrou, muito embora tenha permanecido muitos anos no Espírito Santo achando que Santa Cruz, em Aracruz, fosse o lugar assinalado pela lenda. Situações topográficas especiais da região confundiram Tatantin.
Mas alcançar o território capixaba foi uma jornada extenuante, levando Tatantin e seu grupo a perambular muitos anos pelo litoral brasileiro. Na década de 40, saiu do Rio Grande do Sul, chegando ao Espírito Santo nos anos 70.
Eles passaram mais de 30 anos na estrada. Por conta dessa longa caminhada, foram fundadas algumas aldeias nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por índios desencantados com a condição andarilha imposta pela lenda da Terra Sem Males"....
Assim era o seu SONHO...
"Os xamãs são, contudo, privilegiados seres, que dirigem muitas das suas acções pelos sonhos. O sonho tem uma importância vital na vida dos índios. Nesse tempo da marcha e de aldeamento no Espírito Santo, o grupo guarani dependeu muito das visões trazidas pelos sonhos de Tatantin. Mas o sonho é um detalhe da vida desta índia iluminada, que garantiu, com a sua condição religiosa, a sobrevivência da nação guarani.
Ela era uma figura comum, baixinha, medindo não mais de 1,60m. Usava vestidos longos, os cabelos eram escuros, apesar da idade avançada, mas as feições índias eram inconfundíveis. Seria reconhecida como tal em quaisquer circunstâncias. E tinha hábitos, principalmente alimentares, incomuns. Açúcar e sal, por exemplo, nunca fizeram parte de sua dieta.
Antes de se enclausurar no Opu (nome dado aos templos religiosos guaranis), ela exerceu um papel fundamental na existência dos guaranis. Vivia de aldeia em aldeia conduzindo uma jovem ou um jovem para casar com outro guarani. Era incansável na preservação de sua raça. Durou até o dia, nos idos dos anos 80, quando um sonho apontou a área onde deveria aldear o seu grupo.
Daí em diante ela exerceu o seu papel religioso em sua plenitude. Não mais ia às aldeias; elas é que vinham a ela, muitos dos quais para buscar um equilíbrio perdido pelo grupo. No Opu, ela se reencontrou com o seu último marido, o cacique João dos Santos, com quem viveu 20 anos. Foi o seu segundo casamento, pois o primeiro marido, pai de seus filhos, Miguel Venites, morreu em plena marcha, quando o grupo atravessava o Estado do Paraná".
Substituí-la tem sido um problema para toda a nação guarani. Algumas experiências foram feitas com outros xamãs, mas todas elas fracassaram, especialmente por Tatantin ter morrido sem concluir a missão que lhe foi dada na terra pelos seus deuses. Por causa disso, ela não mereceu o privilégio dos xamãs, que é o de se encantar em vez de morrer. Tatantim morreu aos 104 anos de idade e foi sepultada no cemitério comum de Santa Cruz, junto com o seu segundo marido, que faleceu antes dela. O único privilégio que lhe concederam foi o de ser enterrada com o rosto de frente para o leste"...
Mas alcançar o território capixaba foi uma jornada extenuante, levando Tatantin e seu grupo a perambular muitos anos pelo litoral brasileiro. Na década de 40, saiu do Rio Grande do Sul, chegando ao Espírito Santo nos anos 70.
Eles passaram mais de 30 anos na estrada. Por conta dessa longa caminhada, foram fundadas algumas aldeias nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por índios desencantados com a condição andarilha imposta pela lenda da Terra Sem Males"....
Assim era o seu SONHO...
"Os xamãs são, contudo, privilegiados seres, que dirigem muitas das suas acções pelos sonhos. O sonho tem uma importância vital na vida dos índios. Nesse tempo da marcha e de aldeamento no Espírito Santo, o grupo guarani dependeu muito das visões trazidas pelos sonhos de Tatantin. Mas o sonho é um detalhe da vida desta índia iluminada, que garantiu, com a sua condição religiosa, a sobrevivência da nação guarani.
Ela era uma figura comum, baixinha, medindo não mais de 1,60m. Usava vestidos longos, os cabelos eram escuros, apesar da idade avançada, mas as feições índias eram inconfundíveis. Seria reconhecida como tal em quaisquer circunstâncias. E tinha hábitos, principalmente alimentares, incomuns. Açúcar e sal, por exemplo, nunca fizeram parte de sua dieta.
Antes de se enclausurar no Opu (nome dado aos templos religiosos guaranis), ela exerceu um papel fundamental na existência dos guaranis. Vivia de aldeia em aldeia conduzindo uma jovem ou um jovem para casar com outro guarani. Era incansável na preservação de sua raça. Durou até o dia, nos idos dos anos 80, quando um sonho apontou a área onde deveria aldear o seu grupo.
Daí em diante ela exerceu o seu papel religioso em sua plenitude. Não mais ia às aldeias; elas é que vinham a ela, muitos dos quais para buscar um equilíbrio perdido pelo grupo. No Opu, ela se reencontrou com o seu último marido, o cacique João dos Santos, com quem viveu 20 anos. Foi o seu segundo casamento, pois o primeiro marido, pai de seus filhos, Miguel Venites, morreu em plena marcha, quando o grupo atravessava o Estado do Paraná".
Substituí-la tem sido um problema para toda a nação guarani. Algumas experiências foram feitas com outros xamãs, mas todas elas fracassaram, especialmente por Tatantin ter morrido sem concluir a missão que lhe foi dada na terra pelos seus deuses. Por causa disso, ela não mereceu o privilégio dos xamãs, que é o de se encantar em vez de morrer. Tatantim morreu aos 104 anos de idade e foi sepultada no cemitério comum de Santa Cruz, junto com o seu segundo marido, que faleceu antes dela. O único privilégio que lhe concederam foi o de ser enterrada com o rosto de frente para o leste"...