maio 21, 2017

INDIFERENÇA

Como se Morre de Velhice

“Como se morre de velhice
Ou de acidente ou de doença,
Morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
Onde o que se sente e se pensa
Não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
Onde se escreve igual sentença
Para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
Sem estímulo ou recompensa
Onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
Sinto a minha própria presença
Num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
Nem de acidente nem de doença,
Mas, Senhor, só de indiferença.) “


Cecília Meireles, in 'Poemas (1957) ‘-Citador

Beijinho doce

6 comentários:

GarçaReal disse...


Simplesmente belo e de uma profundidade fantástica este poema. Li e reli pois é digno disso. Grande escolha minha prima, como só tu sabes.

Bjgrande do Lago repleto de saudades

O Árabe disse...

Cecília, sempre fantástica: e a imagem casou-se perfeitamente ao texto; belo post, Doce Amor; boa semana!

CÉU disse...

Olá, querida amiga!

Uma escolha mto acertada.
De facto, a indiferença, dói e pode trazer a morte física e mental.
Que falem mal ou bem de nós, mas indiferença, NUJNCA!

Beijinhos e boa semana.

Luna disse...

Como esta tao atual este poema
beijinhos

A Casa Madeira disse...

O mundo fala em PAZ mas o que se vê por aí
ainda é muita indiferenças mil.
Boa continuação de semana.
Abraços.

São disse...

A indiferença é o pior que se pode infligir a uma pessoa.

Beijinhos, linda, boa SEmana Santa